Olá, amoralescos! Tudo bem com vocês? Hoje retorno com mais uma entrevista exclusiva. Muitas pessoas desejam ao sair do ensino médio, seguir carreira na Educação Física mas por quê? O que está envolvido em ser um profissional dessa área? Fomos em busca de informação capacitada e hoje você confere tudo aqui no MVPA.
Hoje em primeira mão trago o Professor
Diego Ebling do Nascimento, 29 anos,
que é professor do curso de Licenciatura em Educação Física da Universidade
Federal do Tocantins (UFT), doutorando em Educação pela Universidade de Santa
Cruz do Sul (UNISC), mestre e licenciado em Educação Física pela Universidade
Federal de Pelotas (UFPel), especialista em Artes Híbridas e em Dança e
Consciência Corporal.
MVPA: Olá Professor, muito obrigada por ter aceitado dar essa
pequena entrevista ao Minha Vida por Acaso, assim como eu, existem diversas
pessoas indecisas sobre o que ser na vida. É muito comum lidar com alunos ou
pessoas que não sabem se realmente querem cursar Educação Física ou Artes em
Geral?
Diego Ebling do
Nascimento: Boa noite MVPA, primeiro muito
obrigado pelo convite. Escolher a área de estudos para uma futura atuação
profissional é uma grande responsabilidade, então, pensar sobre a escolha do
curso a ser realizado é muito importante.
No entanto, antes de começar
gostaria de fazer uma consideração sobre a expressão “o que ser na vida” que você utilizou na
pergunta. Embora eu considere bastante importante nossa escolha profissional,
ela é apenas uma parte do que somos ou do que seremos. Nós já somos muitas
coisas, as vezes a gente supervaloriza essas questões e acabamos nos
frustrando. É importante pensarmos sobre o que já somos, sobre o que gostamos,
sobre o que nos deixa felizes... a partir daí as escolhas pelo curso ficarão
mais evidentes.
Pensar sobre o curso a se
realizar inclui pensar sobre as ações e intervenções que determinadas
profissões proporcionam, também acontece de pensarmos sobre o retorno
financeiro ou ainda nas duas coisas juntas, realização pessoal e financeira,
além de outras possibilidades. Isso vai depender muito de indivíduo para
indivíduo e de suas concepções de mundo. Assim, pensar sobre a profissão é
fazer uma reflexão profunda sobre nós mesmos.
Além disso é importante, além
de fazer uma reflexão sobre si, pesquisar afundo as áreas de interesse quando
vamos escolher o curso de ingresso na universidade.
Vamos falar primeiro da
Educação Física. De acordo com as minhas observações como professor no curso de
licenciatura em Educação Física, trabalhando com as turmas no primeiro ano de
graduação, percebo que muitos alunos chegam no curso de licenciatura querendo
trabalhar no ambiente das academias, principalmente com as práticas voltadas à
musculação. O que é um grande equívoco, pois os cursos, atualmente, promovem
formações distintas. Ou seja, são ofertadas formações de licenciatura e de
bacharelado na área da Educação Física. A licenciatura é uma formação
específica para a atuação na Educação Básica, você será professor de Educação
Física na escola. Já o bacharelado prepara o profissional para a atuação em
espaços não formais de ensino como clubes, academias, estúdios e outros espaços
possíveis. Essa é uma diferença importante para saber quando se vai escolher a
área da Educação Física como profissão.
Além desse equívoco, alguns
alunos chegam na Educação Física com o intuito de passar para outros cursos
futuramente. Acontece de alunos e alunas quererem fazer medicina, enfermagem,
fisioterapia entre outras profissões na área da saúde, mas não terem conseguido
passar no vestibular naquele ano para o curso desejado e acabam cursando os
primeiros semestres de Educação Física. Porém essa situação é instigante, já vi
alunos se apaixonando pelo curso e mudando de ideia, querendo finalizar a
formação em Educação Física. Por outro lado, também já vi alunos entrando
falando que sempre quiseram fazer Educação Física e se decepcionarem pela
exigência do curso. Há um pensamento no senso comum que fazer Educação Física é
apenas jogar bola, aí quando os alunos ou as aluna chegam na universidade e
percebem que é uma área híbrida que se apropria e constrói conhecimentos na
área da educação, da saúde, da psicologia, da sociologia, da história entre
tantas outras, eles e elas se assustam e, as vezes, até desistem do curso.
Sobre a formação acadêmica nos
cursos de arte não tenho muita propriedade pra falar, mas como fui aluno de
cursos de dança o que percebo é que há uma decisão mais consciente por grande
parte dos alunos e alunas que optam por essa formação. Por outro lado,
infelizmente, o curso de Dança ainda é mais marginalizado socialmente que o
curso de Educação Física. O que percebo é que nos cursos de graduação em Dança
o/a ingressante quer, geralmente, cursar realmente essa formação.
Tanto na Educação Física
quanto na Dança percebemos resistência das famílias em alguns casos. O apoio
familiar é muito importante e facilita uma boa formação. As políticas públicas
para o ensino superior estão cada vez menores e ser professor no Brasil nunca
foi algo fácil. Nunca garantiu um retorno financeiro satisfatório para a
classe, isso vem sendo cada dia mais difícil nos tempos que estamos vivendo,
com o sucateamento da Educação Básica, das universidades e com a atual reforma
da previdência.
MPVA: O Professor poderia de modo singelo nos explicar
Qual é à
base do curso de Educação Física? “Brincam por ai dizendo que é um curso fácil
que é apenas brincar de bola com criança”. O que realmente é o curso de
Educação Física
Diego Ebling do
Nascimento: Quando entramos no curso
de Educação Física, em especial na licenciatura, começamos a entender a
potência presente no ato de brincar. O brincar é fundamental para o ser humano,
ele produz conhecimento e ajuda a nos entendermos e a entendermos o mundo.
No
entanto essa é apenas uma possibilidade de estudo na área, como falei
anteriormente, no meu entender, a Educação Física é um curso híbrido que conta
com a contribuição de diversas áreas de conhecimento e produz conhecimento para
própria Educação Física e para outras áreas.
É papel
da universidade se preocupar com a formação integral dos alunos, oferecer
cursos de qualidade e que contem com bons profissionais, com boa estrutura e
com diferentes perspectivas teórico-práticas. A complexidade existente nas
formações acadêmicas não possibilita um curso superior de qualidade que seja
“fácil”. Minha dica é: não busque a Educação Física nem a Dança por você pensar
que são cursos fáceis. Se você quer facilidade não será na universidade que irá
encontrar.
A
universidade por si só é uma instituição que promove redes para a produção de
conhecimento. É um espaço que se preocupam com o pensamento, com a reflexão
crítica, com formação integral. Os caminhos para alcançar essas demandas são
realizados pelas atividades de ensino, de pesquisa e de extensão promovidas
pelas instituições. Logo, para uma formação de qualidade não basta apenas ir às
aulas, é necessário estudar em casa, se preparar para as aulas, estar disposto
para participar de corpo presente nas atividades de ensino, pesquisa e
extensão.
MVPA: Prometo ser a última pergunta, pude notar que o professor
é muito engajado em causas sociais, sempre está muito antenado nos
acontecimentos em nosso país. Além de ser assumidamente homossexual, como é defender a causa LGBTQ+ sendo
professor? Existe preconceito entre os professores? Entre os alunos? Houve
algum caso que tenha lhe causado dor de cabeça?
Diego Ebling do
Nascimento: O preconceito existe em
todos os lugares, por isso é tão importante falar e estudar as questões de
gênero. Ser gay está em mim, está no meu corpo. Eu não sei ser diferente.
Entendo que se posicionar como tal é um ato político necessário e, me parece
que, ter isso bem resolvido na minha vida facilita as minhas relações com meus
colegas professores, com os alunos, com os técnicos administrativos e com os
terceirizados. Eu posso ser quem eu sou. E isso é libertador.
MVPA: Qual seria seu maior conselho para aqueles que desejam
ingressar em algum curso da área artística ou na própria Educação Física?
Diego Ebling do
Nascimento: As áreas da Educação
Física e das Artes são lindas, potentes e transformadoras, mas para
conseguirmos transformar a realidade é preciso imaginar, é preciso querer, é
preciso fazer. Para isso precisamos estar bem com nós mesmo. Precisamos estar
felizes para termos potência de vida. Assim, primeiro faça uma reflexão sobre
você, sobre como você se vê no mundo. Se pergunte se trabalhar nessas áreas
fará de você uma pessoa realizada, feliz. Estude sobre os cursos pretendidos
antes de escolhe-los. Se depois de toda essa busca e reflexão a resposta for
sim, vá em frente! Estude, se dedique, pois ser profissional dessas áreas é ter
uma grande responsabilidade nas mãos.
Professor
Diego, nós do Minha Vida Por Acaso queremos agradecer a sua
disposição em nos dar essa breve entrevista.
E a vocês, meus amoralescos, espero que esse quadro novo do blog ajude a você se orientar. Se tem uma sugestão de profissão, solta o verbo nos comentários. Beijos.
A profissão de educação física é muito bonita pois se trata em fazer movimento com o corpo, é uma profissão muito legal, gostei bastante da entrevista com o professor Diego Ebling do Nascimento,bjs.
ResponderExcluirolá!
ResponderExcluirAcho uma escolha bacana, com um grande leque para atuação profissional.
Abraços.